Discussão sobre os anos de chumbo da ditadura, retirado do Whatsapp

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Respostas a este tópico

Carlos: Eu , em 68 , seria da luta armada. N tenho a menor dúvida. Até hoje seria, se houvesse condição. N sei se ando revoltados mas penso assim

Ivana: É , eu era contra a luta armada , pois “ dava motivos para mais repressão “ . Hoje repenso sobre isso também !

Carlos: Ah sim. N sou doido de julgar quem não se arriscou. Muita coisa em jogo. Meu pai mesmo, que estava no meio da facul em 68, disse que durante uns anos fez muita coisa arriscada . Q nós filhos poderíamos n termos nascidos.

Antonio: Repensar toda a resistência à ditadura, incluindo ai a luta armada, não tem nada de errado. Nesse período eu estava engajado em um partido clandestino que preparava a luta armada.
A luta armada não era uma proposta uniforme. Haviam diversas propostas diferentes entre os diversos grupos que defendiam a luta armada. Não tem nada de errado, repito repensar aqueles tipos de engajamento. Pelo menos umas cinco organizações eram foquistas, como a de Mariguela. Eu tinha opinião diferente, defendia a luta armada popular prolongada a partir do campo e cercando a cidade. Essas opções eram produto de uma vontade de superar a ditadura e o capitalismo e as escolhas se davam no campo concreto da resistência. O que importa é tirar lições e não julgar as pessoas que escolhiam seu caminho, até o de ser contra a luta armada, por convicções a partir de análises políticas da realidade que naquele momento se apresentava. Analisando hoje posso ter criticas a todas essas posições, incluindo a de minha organização, sem necessariamente criticar os seus militantes e a opção pela luta armada como forma de resistência a uma ditadura. Nos posicionávamos com a realidade que tínhamos e de acordo com a nossa concepção política.

Evaldo: Década de 1970. Tudo era muito confuso pra mim, vindo de Ourinhos, me assustando com São Paulo.
A ditadura não me atingia como adolescente de classe média, que iria ser o médico da família (não, de família).
Morte do Herzog, repressão aos estudantes encurralados nos jardins da FMUSP, numa greve que não lembro qual era o motivo. Surgimento do Lula no ABC. Abertura democrática, volta dos exilados.
Tudo isso eu via pelos jornais e pela TV.
O vestibular me alienou, e entrei na faculdade achando que a meritocracia é que organizaria um mundo e um país mais justo.
Uma mistura confusa de "Sem Lenço sem Documento", do Caetano, com "Disparada" do Vandré, cantada por Jair Rodrigues, me formou.

Evaldo: Me formei em 1986.
Li pelo jornal em 1976 ou 1977, de um movimento dos estudantes, que vinham do centro, subiram a Consolação e foram para os jardins da FMUSP. Não sei se alguém participou.

José Antonio: Vocês se lembram do grupo AVC (vulgo Arnaldo Vieira de Carvalho) que não perdia a oportunidade para agressões inclusive fisicas contra os integrantes do CAOC?

Maria Maeno: Uma vez, há 7-8 anos, o Bira e eu fomos convidados, como ex-presidentes do CAOC para participar de um evento contra a ditadura. Passaram o filme da Zuzu Angel para depois comentarmos. Um senhor se levantou e se identificou como um ex-piloto de helicóptero da época da ditadura e disse que por inúmeras vezes ele havia levado jovens atirá-los ao mar. Disse que pensava estar sendo patriota e que sofriam lavagem cerebral. Anos depois, passou a frequentar cursos para a terceira idade e que aí percebeu que havia se equivocado e que passou a admirar os alunos e professores da Medicina. Todos nós ficamos paralisados, ao mesmo horrorizados e ao mesmo tempo penalizados. Será que é o mesmo, Marta?

Depoimento do prof Heleno Correa em memória da dra Regina Parisi, falecida em 16/06/2020:
Devo muito à Dra. Regina Parizi, que junto com o Dr. Gabriel Oselka me possibilitaram estar vivo hoje ao me acompanhar pessoalmente ao depoimento no DOPS em 1976 por causa da minha participação como Vice-Presidente da Seção SP da ANMR no Comitê de Coordenação da Greve contra o arrocho salarial do Maluf. O intimante era o Romeu Tuma e o destino era o calabouço. Os dois foram juntos comigo e só faltaram segurar na mão. Estiveram presentes em nome do CREMESP durante todo o depoimento e ao final, não tendo sido "decretada" minha prisão, me acompanharam até a rua de minha casa para ter certeza de que eu não teria "desaparecido" no caminho. A essas duas almas generosas devo provavelmente a vida, por ter sido na semana em que mataram Wladmir Herzog. A Energia, a sinceridade e o engajamento na vida foi marcante da parte de Regina e Gabriel, que sempre me trataram com um respeito que eu devoto a eles. A partida de Regina leva de mim uma parte dessa gratidão. Heleno

[18:08, 11/07/2020] Maria Maeno: Sim!!! Tyka, 1975. Da FMUSP quem foi preso foi Bira e Davi Rumel naquele ano. O David Capistrano também foi preso em 1975, já era médico formado. Bira e Davi Rumel eram estudantes do quarto ano.
[18:58, 11/07/2020] : Sofremos pra cacete! Fomos à casa de todo mundo que a gente conhecia, políticos, advogados, etc... para ver se alguém conseguia notícias deles... tudo em vão... a impressão que ficou era a de que os soltaram quando quiseram! E o pai do Davi era diretor de uma faculdade na USP: @Maria Maeno - da odontologia, né?

José Antonio: Gelson Reisher, Antonio Carlis Nogueira Cabral, mortos em 1972, Cabral no Rio, Gelson na Republica do Libano. Cabral após intensa tortura

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