CURSO ÉTNICO RACIAL: MISCIGENAÇÃO E IDENTIDADE

Miscigenação é perda de identidade cultural?

Quando a prática de uma cultura (música, dança, culinária) é identificada apenas com a cor da pele (ou com uma etnia), sim, a mistura de raças leva a perda da identidade cultural. Lembro-me, quando criança, de um Carnaval em que o presidente de uma Escola de Samba, inconformado por ter perdido o primeiro lugar, dizia que o jurado “era tudo japonês!”. Como descendente de japoneses até achei graça na colocação, pois foi a forma que ele tinha encontrado para expressar o seu inconformismo, e japonês não entende mesmo de samba.


E o texto “Racismo às avessas” (link:Racismo às avessas - O Globo) do brasileiro que foi aos EUA e se sentiu discriminado pelos negros americanos, por ser latino, também demonstra esta percepção do preconceito, que está disseminado em todas as culturas.


Sou identificado como japonês, mas dentro da comunidade nipônica, sou okinawano, e entre os japoneses, Okinawa era (ou é?, não sei) identificada como uma província inferior, um povo de pele mais escura, olhos mais redondos e dialeto próprio. No fim da 2ª Guerra Mundial, foi a província que ficou sob domínio americano até bem pouco tempo e onde ocorreu a invasão americana (a batalha de Okinawa. Link: Wikipedia - A Batalha de Okinawa), em que morreram mais civis do que na explosão da bomba atômica de Hiroxima e Nagazaki, mas isso não é muito lembrado.


Mas quando a identidade se desprende da idéia de raça ou etnia, o que ocorre é um enriquecimento da cultura. Assisti recentemente ao filme “Hanami, cerejeiras em flor” (para ver um trecho, clique aqui)e este filme é uma bela mostra deste desprendimento: um filme alemão(!), que exalta a cultura japonesa, a dança Kabuki, e toca uma canção folclórica okinawana!


O dia em que não for estranho um filme alemão sobre a cultura japonesa, um japonês entender de escola de samba, um negro tocar samissen (uma viola da cultura okinawana), aí então teremos vencido o preconceito, valorizando a cultura de cada povo, de cada etnia, não importando a cor da pele, apenas o sentimento que cada um trás dentro de si para se expressar naquela cultura de brancos, de pretos, de pardos, de índios, de japoneses ou de okinawanos.

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