O medo na pós-modernidade e o conceito de saúde (1)

O medo é uma forma básica de controle. No plano biológico a memória da experiência desagradável e dolorosa adestra humanos e demais animais a conviver de forma mais segura no seu ambiente físico. Mas aí nos apropriamos dessa idéia e usamos o medo do fogo e a dor para adestrar animais a ter um comportamento “não natural” que nos favoreça. E não paramos nos animais! O medo sempre foi instrumento de controle de alguns humanos sobre toda a sociedade humana. Prevalece quem impõe o medo real. Vai do medo da luta física na tribo ao medo de perder o sustento (“corte de pessoal”, flexibilização das leis trabalhistas, e lá vai). Tem também o medo simbólico, mas não menos real nos seus efeitos. Vai da crença em espíritos da natureza malévolos até a crença no espírito malévolo da outra nação, do capitalismo, do comunismo.....Temos tanto medo que o colesterol e a glicemia subam que nos comportamos como se já fossem muito altos. O poder e o lucro são daqueles que criam e/ou reforçam esses medos e nos convençam que eles, e só eles, tem a solução.
Antes da modernidade não tínhamos escolhas. Nascíamos com nossos papéis na sociedade muito bem definidos e quase imutáveis, como se fossem a vontade da própria natureza, do destino e etc. Não precisávamos (nem podíamos) fazer escolhas e “não tínhamos dúvidas” quanto a validade das regras. Se acredita que assim era mais fácil viver e suportar a vida.
A modernidade nos “liberta” de papéis sociais estereotipados e crenças únicas que nos limitem a ação. Mas esta liberdade teria um preço: a insegurança e a dúvida insolúvel. O medo e a angústia da modernidade advém (como querem filósofos, psiquiatras e afins) da dissolução de conceitos absolutos, o que gera insegurança e angústia pela multiplicidade de opções que podemos escolher sem ter certeza de ter feito a melhor escolha. Não há regra ou autoridades universais que nos digam o que é melhor, ou mais seguro, ou o certo.

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Comentário de selma goulart de almeida em 19 março 2011 às 10:43

O medo que protege também aniquila...Transpor esse medo torna o homem forte, critico e dono do seu destino...isso com certeza é uma ameaça aos padrões pre estabelecido, mas por outro lado liberta, e faz o homem com certeza mais forte, autentico e feliz !!! 

 Cris, excelente reflexão...Valeu !!!

Comentário de Evaldo em 20 março 2011 às 12:44

Oi, Selma.
Concordo com vc, e de uma certa forma, estamos sempre transpondo estes medos ao nos posicionarmos frente as injustiças.

Valeu, também, sua opinião!

Comentário de Rosalía M. Manicardi em 22 março 2011 às 0:17
legais as ideias no texto...penso muitas vezes sobre esse medo da liberdade.... mito da caverna e por ai vai...gostei de ler!
Comentário de maria cristina h vilar em 22 março 2011 às 0:42

É isso mesmo!

Liberdade é a grande conquista. Liberdade de se saber com múltiplas potencialidades para ser feliz e original. É bem diferente de se sentir liberado para um "vale-tudo". Liberdade não é fazer o que der na "telha". Agir por impulso, satisfação sem sentido, não é ser livre. É ser refém de seus "instintos" e condicionamentos sociais. Liberdade não é seguir modelos de consumo. É fazer algo que nos "expanda " e dê paz!

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