saude e adoecer: objetividade e subjetividade

[maria cristina h vilar]

 

As doenças crônicas não transmissíveis evidenciam o impasse da pós modernidade: o conflito da objetividade (domínio do método científico) com a subjetividade do ser (domínio indefinido, disputado por vários "métodos" de construção da realidade, como a filosofia, antropologia, sociologia, psicologia, religião, artes).

No dizer de Dina Czeresnia:

" A saúde e o adoecersão formas pelas quais a vida se manifesta. Correspondem a experiências singulares e subjetivas, impossíveis de serem reconhecidas e significadas integralmente pela palavra. (...). A saúde não é objeto que se possa delimitar; não se traduz em conceito científico, da mesma forma que o sofrimento que caracteriza o adoecer."

Mais adiante a autora pontua:

"No contexto da implementação das práticas de saúde mantém-se a tensão entre duas definições de vida: uma, a de nossa experiência subjetiva; outra. a do objeto das ciências da vida, do estudo dos mecanismos físico-químicos que estruturam o fundamento cognitivo das intervenções da medicina e da saúde pública". 

(Czeresnia; Machado de Freitas. Promoção da Saúde. Conceitos, reflexões, tendências. Ed Fiocruz, 2005. pp42 e 46.)



Considero que precisamos aceitar que qualquer realidade pode ser descrita e vivenciada de diferentes maneiras, conceituada com diferentes ferramentas e todas elas com verdade. Todas complementares e nenhuma delas suficiente per si. Se não adestrarmos nosso intelecto e emoções para a diversidade imanente de tudo, a tensão da pós modernidade não se restringirá ao âmbito intelectual, donde jamais deveria sair, e inundará nossa percepção (seremos cegos), oprimirá nossa vontade (seremos inutilmente angustiados).

 

 O conhecimento não se alcança sozinho. Todo conhecimento resulta da interação entre os seres, e o conhecimento que liberta da tensão e angústia talvez só seja possível numa rede humana!

 

 

 

[Evaldo]

Parabéns, querida Cris.

Filosoficamente, a idéia é essa!